Com fim do auxílio emergencial, famílias vivem incerteza do Auxílio Brasil

Com fim do auxílio emergencial, famílias vivem incerteza do Auxílio Brasil
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O fim do auxílio emergencial e as incertezas ligadas ao início do Auxilio Brasil –cuja promessa do governo de pagar R$ 400 por família não deve ser cumprida ao menos neste mês de novembro–, fazem com que milhares de famílias vivam sem saber se terão alguma renda para conseguir fechar as contas do mês.

Só na capital paulista, a Prefeitura de São Paulo diz que pelo menos 114 mil famílias esperam a inclusão no CadÚnico para ter direito ao Auxílio Brasil, que irá substituir o Bolsa Família a partir de quarta-feira (17). Isso porque, desde abril, quando o auxílio emergencial 2021 começou a ser pago, o Ministério da Cidadania suspendeu a inclusão de novos beneficiários.

O governo federal assegura que todas as pessoas que já recebiam o Bolsa Família e estão com os dados do CadÚnico atualizados vão fazer parte do novo programa automaticamente, totalizando 14,65 milhões de famílias neste primeiro mês do programa.

Em dezembro, a Cidadania estima que o Auxílio Brasil será pago a 17 milhões de famílias, com a inclusão de novos beneficiários. No entanto, mesmo com a promessa da gestão Jair Bolsonaro (sem partido), cidadãos que recebiam o auxílio emergencial mas nunca tiveram acesso ao Bolsa Família ainda não sabem se terão direito ao novo programa de transferência de renda. Isso porque não há uma inscrição aberta para ter o benefício.

Este é o caso de Laryssa da Conceição Silva, 25 anos, moradora de Paraisópolis (zona sul). Para sustentar a filha de dois anos e o filho de seis ela faz “bicos”. Mesmo sendo elegível ao auxílio emergencial, a família conseguiu recebê-lo só em 2020 –primeiro, no valor de R$ 1.200, e depois, de R$ 600.

“Dependo muito da ajuda das pessoas e da minha mãe, principalmente com as crianças. E, quando eu consigo, faço bicos”, conta à reportagem. Laryssa relata que tenta se cadastrar no Bolsa Família desde o nascimento do filho mais velho, porém, nunca conseguiu. “O pedido não sai de análise”, diz. Ela fala que vai tentar o Auxílio Brasil, porém, justamente por causa dessa experiência, não tem expectativa de conseguir a ajuda.

Desempregado, Eduardo Carrilho Vital, 47, da Casa Verde (zona norte), mora com o pai, que é aposentado. Ele recebeu auxílio emergencial em 2020 e neste ano, cujas parcelas foram de R$ 150. O trabalhador conta que, inclusive, baixou o aplicativo do Auxílio Brasil. No entanto, não conseguiu esclarecimento algum para saber se vai conseguir fazer parte.

No ano passado, o jornal Agora São Paulo já tinha contado o caso de Vital. Ele enfrentou dificuldades para se inscrever no programa emergencial e não conseguiu receber todas as parcelas, no valor de R$ 600, porque o pedido foi negado três vezes.

“Será que vou ter direito de receber o Auxílio Brasil enquanto não me recoloco no mercado? É fato que o mercado vai melhorar, mas um pouquinho [de dinheiro] ajuda até que eu volte a trabalhar. Estou preocupado porque disseram que vão passar uma peneira e acho que não vou receber”, afirma.

Vital afirma que a aposentadoria do pai não está sendo suficiente para pagar as contas mensais, ainda mais neste momento, com o aumento de itens básico como alimentos e energia elétrica. Segundo o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), o preço dos alimentos acumula alta de 11,7% em 12 meses, enquanto os gastos com habitação, que inclui energia elétrica e aluguel, por exemplo, subiram 14,8% no período.

Rosemeire de Oliveira Lopes, 40, de São Miguel Paulista (zona leste), vive situação parecida. Na pandemia, a renda ficou comprometida, pois o marido, que é autônomo, não pôde trabalhar. Com o casal, também mora o filho de 19 anos.

A família recebeu R$ 250 nesta rodada do auxílio emergencial de 2021. Mesmo assim, enfrentou problemas na inscrição e só conseguiu três das sete parcelas liberadas pelo governo. “Foi uma confusão, eles falavam que eu não tinha direito, mas, no outro mês, eu conseguia”, conta Rosemeire, que diz não fazer ideia se vai conseguir o Auxílio Brasil.

“Nossa situação era difícil, o auxílio [emergencial] só deu um socorro. Meu marido é autônomo, não é fichado [registrado] e se tornou muito mais difícil [na pandemia]. Então, o auxílio nos ajudou. Mas, agora, vamos continuar como antes, em uma situação muito difícil, difícil mesmo”, afirma.

M.E., que pediu para não ser identificada, 65, de Mauá (Grande SP), também está sofrendo com a incerteza da renda daqui para frente. Desempregada há anos, trabalha informalmente vendendo panos de prato pela cidade e estava recebendo R$ 150 de auxílio emergencial.


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djaildo

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