Pandemia. Caos no futebol da Globo. Redução nos salários nos clubes
A Globo suspendeu o pagamento dos Estaduais.E tem tudo para suspender também a verba do Campeonato Nacional. Ela pagou a primeira parcela do Brasileiro da Série A, em março.Mesmo em dificuldade financeira, bancou os 40% do acertado, comum entre os vinte clubes. A dúvida está nos 60% restantes. Seguindo o modelo inglês, 30% são número de jogos transmitidos.E os outros 30% de acordo com a colocação no Brasileiro passado.O critério vale para a tevê aberta e para a fechada.
No pay-per-view, R$ 550 milhões devem ser divididos da seguinte forma. Uma quantia como ‘luvas’ para todos os clubes e, depois, a maior parte leva em conta pesquisa sobre os clubes de preferência dos assinantes. Há grande probabilidade que a emissora não pague a segunda parcela da aberta, marcada para este mês.
A Globo está renegociando valores com seus patrocinadores do futebol. Porque não há partidas. Não há nem mais noticiários específicos de esporte. Novos assinantes de pay-per-view desapareceram.Não há jogos para transmitir.E começam também os cancelamentos.
Athletico-PR, Bahia, Ceará, Internacional, Palmeiras, Santos e Fortaleza, que assinaram com o Esporte Interativo, nos jogos do Brasileiro na tevê fechada, sabem que receberão apenas no final do ano, como foi em 2019.
Mas a quantia é ‘pequena’ em relação à Globo, chega a R$ 170 milhões.
A emissora carioca, dona do monopólio, gasta cerca de R$ 1 bilhão com os clubes por ano. Só o Flamengo recebe nunca menos de R$ 120 milhões por ano, até 2024. Isso, por contrato. Só que a pandemia trouxe imensos prejuízos à emissora carioca, que já sentiu o baque da mudança na presidência, com suas cotas de publicidade federal sendo drasticamente reduzidas.
Em 2017, por exemplo, ela recebia 48,5% da publicidade federal. Em 2019, passou a receber 16,3%. Não, por acaso, demitiu mais de 100 funcionários. Agora, veio a crise no esporte. A Globo contava com mais de R$ 3 bilhões dos patrocinadores. Só que o coronavírus já adiou as Olimpíadas de Tóquio.
Ela havia colocado à venda seis cotas de R$ 96,9 milhões cada. São menos R$ 581,2 milhões em 2020. A Fórmula 1 está suspensa. O número de GPs deverá ser reduzido. A Globo havia vendido as cotas para 22 corridas.
Duas já foram canceladas: Austrália e Mônaco. Baren, Vietnã, China, Holanda, Espanha e Azerbaijão, entre março e junho, estão suspensas. E com sérias dúvidas se serão disputadas este ano. As demais 14 provas, entre 14 de junho e 29 de novembro, por enquanto, estão mantidas.
São mais R$ 495 milhões correndo sério riscos.
Assim como no futebol, não há provas e nem material para ser mostrado nos noticiários, como prevê o contrato com os patrocinadores. O futebol vale R$ 1,8 bilhão em patrocínio para a Globo.
Os Estaduais estão parados.
Assim como a Copa do Brasil.
Libertadores.
Sem previsão de volta.
O Brasileiro deveria começar no dia 2 de maio.
A CBF não leva mais esta data em consideração.
A Copa América, marcada para a Argentina, ficou para 2021. As Eliminatórias para a Copa de 2018, que deveriam ter começado, foram suspensas. Os grandes clubes já deram férias aos seus atletas. Entre o dia primeiro até 20 de abril. A previsão otimista de especialistas em pandemia é que a vida volte ao normal, no final de maio, início de junho. Com muito otimismo. Será impossível, em um calendário normal, a Globo ter 85 jogos para mostrar em 2020.
Os clubes já combinaram entre si.
Não haverá jogos encavalados, três por semana, como defendem as Federações, que desejam os Estaduais terminados. A Globo ofereceu 85 partidas transmitidas para Ambev, Casas Bahia, Chevrolet, Hypera Pharma, Itaú e Vivo. Desde o dia 18 de março não acontecem jogos no Brasil.
Diante desse cenário, os dirigentes têm sim razão em se preocupar. E insistir na possibilidade de reduzir salários dos atletas, durante a pandemia, como já fizeram Grêmio, Atlético Mineiro, Ceará e Fortaleza.
A Globo já suspendeu o pagamento dos Estaduais. Tem toda a chance de suspender também do Brasileiro.A tensão nas equipes se justifica.A principal fonte de renda, da esmagadora maioria dos clubes, é da televisão.Da dona do monopólio neste país…
- COSME RÍMOLI
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Do R7