Prazo para diagnóstico dificulta combate à varíola dos macacos

Prazo para diagnóstico dificulta combate à varíola dos macacos
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O prazo de cerca de 10 dias para confirmar o diagnóstico de “varíola dos macacos” atrasa o processo de combate à doença no Rio Grande do Norte, segundo a presidente do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde, Maria Elisa Garcia. A confirmação dos diagnósticos ainda acontece em nível nacional por decisão do Ministério de Saúde. Todas as amostras coletadas no estado são mandadas para o Laboratório Central de Saúde Pública (LACEN) e enviadas para a Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro, referência no Brasil. O acúmulo de testes gera um atraso na confirmação do diagnóstico das pessoas com suspeita de infecção, o que, em consequência, dificulta a tomada de decisões em relação ao combate da doença.

Até o momento, a Coordenação Geral de Laboratório no Ministério da Saúde considera apenas quatro laboratórios de referência autorizados para emissão de laudos acerca do diagnóstico da doença. De acordo com a coordenadora de vigilância em saúde da Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap), o Ministério da Saúde confirmou que os estados só estarão aptos a realizarem os próprios diagnósticos a partir de setembro. Ainda de acordo com ela, essa demora acontece pela falta de kits de análise de amostras com certificação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Quando acontecer a liberação, o laboratório responsável pelos testes será o LACEN, que já tem qualificação técnica para realização desses exames. Segundo a coordenadora, os laboratórios provados que já fazem os testes não tem aprovação da Anvisa. “Hoje só estão disponibilizados [kits para teste] nesses quatro laboratórios de referência e os laboratórios privados que estão realizando, estão comprando kits que ainda não foram certificados pela Anvisa”, disse.

Até lá a confirmação do diagnóstico leva cerca de 10 dias. De acordo com a presidente do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde, Maria Elisa Garcia, a demora no diagnóstico dificulta a tomada de decisões no combate a doença, além de aumentar o tempo de transmissão. “Está sendo bem desgastante porque o exame vai para o Rio de Janeiro. Então a gente percebe que vai ter uma dificuldade com o resultado imediato. Sem o resultado imediato, aumenta o problema porque a pessoa vai estar transmitindo”, explica. “Isso é o maior complicador para que a gente possa ter um maior resultado no sentido de combate e de prevenção”, afirma.

Atualmente, uma das ações de combate à doença é a capacitação dos profissionais envolvidos no tratamento. No dia 10 de agosto foi promovida uma capacitação relacionada ao manejo clínico e orientação dos pacientes infectados.  O Centro de Informações Estratégicas e Resposta em Vigilância em Saúde (CIEVS) tem monitorado eventuais novas ocorrências da doença. Um dos hospitais de referência no estado para tratamento é o Giselda Trigueiro, na Região Oeste de Natal.

O RN se juntou ao grupo de estados em transmissão comunitária, com a marca de 10 casos confirmados, de acordo com Boletim Epidemiológico divulgado no dia 13 de agosto pela Sesap. Ao todo, são 57 casos suspeitos em todo o estado, espalhados em diversos municípios, sendo os com maior número de suspeitos, Natal (24), Parnamirim (8), Extremoz (4), Jandaíra (4), Tibau do Sul (3) e São Gonçalo do Amarante (3). Todos os casos confirmados no RN são de homens entre 20 e 59 anos de idade.

Brasil realizou cerca de 8,8 mil exames

Até o momento, foram realizados cerca de 8.850 exames nos laboratórios de referência, em todo o Brasil, para comprovação de casos de varíola dos macacos, informou hoje (16) à Agência Brasil o Ministério da Saúde. O número de exames realizados diariamente varia de acordo com as notificações e a chegada das amostras aos laboratórios. O país acumula 3,1 mil casos da doença, espalhados por 27 estados, segundo dados divulgados na noite desta terça-feira pelo Ministério da Saúde.

Atualmente, oito unidades de referência realizam o diagnóstico, sendo quatro laboratórios centrais de Saúde Pública (Lacen), localizados nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Distrito Federal, e mais quatro unidades de referência nacional, sendo duas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no Rio de Janeiro e no Amazonas; uma da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); e uma no Instituto Evandro Chagas, no estado do Pará. Dessa forma, o ministério assegurou que “é possível garantir a cobertura do diagnóstico de todo o país”.
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, informou em entrevista ao programa A Voz do Brasil, na última sexta-feira (12), que todos os laboratórios centrais de saúde pública estarão aptos a fazer o teste do tipo RT-PCR para varíola dos macacos até o final de agosto.
Expansão

O coordenador do Laboratório de Virologia Molecular da (UFRJ), Amilcar Tanure, defendeu hoje, em entrevista à Agência Brasil, que sejam realizados mais testes e que o número de laboratórios aptos a realizar a testagem seja ampliado. “Eu acho que tem que aumentar isso, para que os pacientes tenham mais acesso. Além disso, como o vírus está dando lesões não tão exuberantes, a recomendação é que pessoas que desconfiem que seja varíola dos macacos procurem atendimento médico, uma unidade de pronto atendimento, e vão se testar”.

Tanure disse que é intenção da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro criar dois locais para centralizar esses pacientes para coleta de amostras. Um dos centros de testagem funcionaria no Maracanã, na capital, e outro em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. “É muito importante expandir os locais de teste e de coleta e treinar os profissionais de saúde para fazerem uma coleta correta para o teste funcionar bem. Quanto mais a gente testar, mais vai conseguir isolar pessoas infectadas e bloquear a transmissão do vírus”.

A secretaria confirmou que vai abrir nas próximas semanas um posto para coleta de material para testagem de casos suspeitos de varíola dos macacos. O serviço será realizado apenas para pacientes encaminhados por unidades de saúde, após exame clínico. As amostras serão enviadas para análise no Laboratório de Enterovírus do Instituto Oswaldo Cruz e nos Laboratórios de Biologia Molecular de Vírus e de Virologia Molecular da UFRJ, que são referenciados pelo Ministério da Saúde no estado do Rio de Janeiro. Não foi informado, entretanto, onde será o local de coleta de material.

Do Tribuna do Norte


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djaildo

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