UFRN aperfeiçoa técnica para tratamento da cárie sem dor e perfurações
Trata-se de uma técnica microinvasiva aperfeiçoada por um grupo de pesquisadores do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) que consiste em interromper o processo de formação de cárie que não tenha gerado um orifício, uma cavidade no esmalte dentário. Esse procedimento é realizado por meio de aplicação de material selante na área lesionada sem necessidade de perfurar, de abrir o dente.
De acordo com a professora do Departamento de Odontologia da UFRN e uma das pesquisadoras desse grupo, Isauremi Vieira de Assunção, alguns dentes podem apresentar lesão de cárie que atingem parte da dentina (camada interna), mas sem que se perceba, a olho nu, orifícios no esmalte (camada externa). Diante dessa situação, havia a necessidade de remover parte desse esmalte, mesmo sadio, para que o dentista tivesse acesso à dentina cariada e pudesse remover o material lesionado. Depois era feita uma restauração para devolver a forma, função e estética ao dente.
Ocorre que por melhores que sejam os materiais usados nessas restaurações, elas não duram para sempre e, em determinado momento, é preciso substituí-las. E a cada substituição se remove um pouco mais do tecido dentário, para permitir que o dente receba a nova restauração, gerando um ciclo que tem como fim a perda do dente. “O ideal é não precisar restaurar. Se esse tipo de lesão de cárie permite fazer um selamento em cima e estacionar o processo carioso sem precisar fazer abertura de cavidade para colocar restauração, isso é o melhor para a conservação da estrutura dentária sadia”, explica a professora.
Há mais de uma década pesquisando sobre a possibilidade tratar esses tipos de lesões de cárie sem a necessidade de intervir com o “motorzinho” sobre o esmalte dentário, a professora Isauremi Vieira e a equipe composta pelos professores Kênio Costa de Lima e Boniek Castillo Dutra Borges destacam que somente a partir de 2019, após a consolidação dos dados da pesquisa pelo Grupo Brasileiro de Professores de Dentística, esse novo manejo terapêutico pôde ser incorporado no ensino dos alunos de graduação em Odontologia como conduta a ser seguida no tratamento de pacientes com esse tipo de lesão dentária. “Agora, nossa intenção em divulgar essa metodologia é fazer com que os dentistas já formados conheçam e apliquem essa nova conduta terapêutica nesses casos clínicos. Dessa forma, eles contribuem para preservar e dar longevidade à estrutura dentária do paciente”, disse.
Tribuna do Norte