Rio Grande do Norte está apto a aumentar para 75% a destinação correta do lixo
Atualmente, o RN é o pior estado do Nordeste em destinação de resíduos. Com índice acima de média regional, 93% dos nossos municípios descartam o lixo de forma incorreta, ou seja, os resíduos sólidos produzidos em 155 cidades do Rio Grande do Norte são destinados de forma inadequada e se amontoam em lixões, situação que além de afetar o meio ambiente, compromete a saúde pública. “A CTR é a única empresa do Nordeste habilitada a participar no Leilão de Energia, com a produção de biomassa a partir dos resíduos sólidos. Nós já somos líderes em produção de energia limpa, e agora estamos trabalhando para diversificar ainda mais a matriz energética”, pontuou Fátima Bezerra.
A Secretaria de Estado dos Recursos Hídricos (Semarh) é responsável pela gestão do Plano Estadual de Resíduos Sólidos, cujas diretrizes são alinhadas ao plano nacional. Em reunião realizada no último dia 31 de agosto com prefeitos do Alto Oeste e do Seridó, foi tratada a implantação dos sistemas coletivos de aterros sanitários das duas regiões; os referidos consórcios municipais envolvem 71 cidades. “Tivemos de readequar os projetos para aterros e estamos caminhando para evoluir bastante na cobertura da destinação correta do lixo. Diante da realidade atual do nosso estado, é inegável a importância de projetos como esse da CTR, que têm como objetivo o controle do lixo e a geração de energia através da biomassa”, declarou o titular da pasta, João Maria Cavalcanti.
Presente à visita, o diretor do Idema (Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte), Leon Aguiar, declarou que a empresa cumpriu todas as etapas de licenciamento, tendo obtido a licença de operação, documento que habilita a CTR para o processamento de mais de 500 toneladas de lixo diariamente, que é a capacidade atual da empresa na primeira fase de implantação do projeto. “A gente lamenta muito que os municípios não estejam fazendo a gestão correta dos resíduos. Por isso eu fico muito contente por fazer esse licenciamento, uma vez que é bastante comum recebermos denúncias de manejo incorreto de lixo”, argumentou.
Médico sanitarista com larga experiência na área, o secretário do Desenvolvimento Econômico, Jaime Calado, destacou a importância da ampliação da cobertura do manejo e destinação correta do lixo no território potiguar, fato que na sua visão vai refletir positivamente na imagem do Rio Grande do Norte, além de representar desenvolvimento sustentável para o estado. “Vamos transformar um problema, que é o lixo, em uma solução, agregando geração de emprego e renda”, completou.
Custo Operacional
Distante cerca de 50 km da Capital, Vera Cruz é um dos municípios potiguares que destinam corretamente o lixo. O prefeito Marcos Cabral informou que a prefeitura investe mensalmente de R$ 10 a 15 mil para envio dos resíduos ao aterro da CTR. Considerando o número aproximado de habitantes, a cidade está investindo por mês menos de R$ 1 por habitante. “Quando a empresa se instalou aqui, havia dúvidas sobre a questão da viabilidade, e hoje só temos a agradecer por possibilitar que o município faça a destinação correta do lixo, além de gerar emprego e renda para a nossa região”, disse o gestor. Nesse início de operação, a empresa está gerando cerca de 50 empregos diretos e 150 indiretos.
De acordo com cálculos feitos pela empresa, o custo operacional dos municípios por envio de cada tonelada de lixo fica em torno de R$ 0,75, conforme declarou um dos sócios da empresa, Dâmocles Trinta. Junto com os empreendedores Ilton Miranda, Mário Sérgio Lopes e Bruno Oliveira, o projeto demandou cerca de R$ 150 milhões de investimento até o momento. “A CTR Potiguar é um conglomerado visando desenvolvimento sustentável do RN. Atualmente, estamos consorciados com Parnamirim, Vera Cruz, Várzea, Bom Jesus e São José de Mipibu. É interessante que as prefeituras e a sociedade nos vejam como solução e não como problema”, pontuou.
O senador Jean Paul Prates, um dos responsáveis pela captação de empresas eólicas para o estado do Rio Grande do Norte, destacou a importância da CTR no âmbito da geração de energia com biomassa. “Vale salientar que temos uma central de tratamento de resíduo, que contempla um aterro. O lixo aqui é considerado um meio para geração de energia”, disse. Ele lembrou que de acordo com o Plano Nacional de Resíduos Sólidos, quem destina lixo de forma inadequada não se isenta da responsabilidade pelo lixo. “No meio ambiente, quem gera o lixo é responsável por ele até o fim. Estamos cada vez mais próximos de nos livrarmos do peso que é enterrar os resíduos sólidos”, completou.
Durante a visita à empresa, estavam presentes também os vereadores do município de Vera Cruz: Sueldo Araújo, José Edmilson, Valdemir Cabral, Jailson dos Anjos, Atarcísio Honório. Da equipe de governo, integraram a comitiva oficial a subsecretária do Gabinete Civil, Laíssa Costa, e o engenheiro sanitarista Sérgio Pinheiro (Semarh).
Números da CTR Potiguar
– 50,2 hectares é a área do empreendimento, sendo 14,63 hectares de mata preservada e 35,27 hectares de área construída.
– 1.150.000 pessoas é a capacidade de alcance do aterro, ou um terço do RN.
– 537 toneladas por dia é a capacidade atual de manejo.
Fotos: Elisa Elsie – Assecom/RN