11 de outubro, Olívia Pilar fala sobre o Dia Internacional das Meninas

11 de outubro, Olívia Pilar fala sobre o Dia Internacional das Meninas
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Em todo o mundo, milhões de meninas sofrem todo os tipos de discriminação, abusos e violências desde a primeira infância. Diante desse cenário, surgiu o “Dia Internacional da Menina”,11 de outubro, uma data que tem como objetivo evidenciar as situações de violência e preconceito vividas por meninas ao redor do mundo. Conversaremos sobre a data com Olívia Pilar, doutoranda e mestra pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Universidade Federal de Minas Gerais.

1) Conte-nos um pouco sobre essa data e sua importância para as meninas do Brasil?A data foi instituída em 2010, pela Organização das Nações Unidas. Assim como ocorre em outras datas criadas pela ONU, nem sempre estamos falando de um momento de comemoração, às vezes, como nesse caso, trata-se de separar uma data para impulsionar a reflexão sobre determinado assunto. O dia 11 de outubro tem como objetivo colocar em evidência as desigualdades de gênero que afetam meninas em todo o mundo. 2) A desigualdade de gênero tem impacto na primeira infância? Se sim, como? Sim e esse é o motivo da data. A sociedade tende a agir de forma adultocêntrica, como se tudo o que o compõe o gênero e as vulnerabilidades desse ocorresse apenas na vida adulta, mas não é o caso. O gênero é uma construção que ocorre desde a infância. As exigências e as expectativas em relação ao gênero não começam na vida adulta.No mundo, 110 milhões de crianças não vão à escola, destes, 2/3 são mulheres. Isso se repete em outras instâncias: as meninas ganham brinquedos que simulam as tarefas domésticas e do cuidado, os meninos ganham brinquedos que estimulam a prática de esportes, o pensamento estratégico (como videogames) e o desenvolvimento de habilidades como dirigir, mecânica etc.  Isso é grave! E como se não bastasse todas essas divisões que terão um impacto na vida adulta, é nessa fase também que vamos replicando algumas regras para as crianças, punindo ou recompensando quão bem ou mal elas aderem aos modelos estereotipados. O problema nisso, é que esse modelo impede que as crianças se desenvolvam plenamente.3) Quais as principais violências sofridas por meninas no Brasil? Assim como as mulheres adultas, meninas sofrem violência sexual, física, psicológica. Além disso, nessa fase também é muito comum que o trabalho infantil doméstico (TID) seja mais recorrente na vida de meninas. Muitas dessas práticas já estão no foco de campanhas que as combatem diretamente. Ainda assim, a data é relevante porque é preciso ressaltar que o gênero não é a única dimensão que compõem as identidades. Isto é, algumas meninas têm cargas opressivas múltiplas ou maiores: meninas de áreas rurais ou periféricas podem sofrer maior incidência de violações ligadas ao trabalho infantil, meninas negras podem sofrer maior incidência de violência sexual e assim por diante. Essa data é um convite para observarmos os cenários em que nossas meninas estão inseridas e tentarmos modificar as situações opressivas e subalternizantes que as acometem.4) Como reverter esses cenários no país? Existem inúmeras formas de reverter esse cenário, as principais dizem respeito ao enfrentamento direto das vulnerabilidades e violações. Por exemplo, os papéis estereotipados de gênero que as crianças recebem como script para agir resultam em problemas reais. Por isso, é preciso criar  espaços e oportunidades para meninas que tenham interesse em conhecer as ciências exatas e tecnológicas desde a infância. É preciso também combater o trabalho infantil doméstico com políticas que também reforcem a importância de inserir as meninas em um abiente educacional. Fornecer educação sexual e racial também são fundamentais para que as crianças aprendam a se defender e denunciar abusos. Enfim, as ações para transformação precisam ser em múltiplas frentes. Porém, se eu pudesse resumir todos em uma única seria a educação. Todos os caminhos  de combate a desigualdade de gênero na infância passam pelo acesso e a permanência em ambiente educacional livre, diverso e que fomente a igualdade.


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djaildo

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