Horário eleitoral e comícios chegam ao fim, mas campanha na internet vai até sábado

Horário eleitoral e comícios chegam ao fim, mas campanha na internet vai até sábado
Redes Sociais


Com a proximidade do primeiro turno, marcado para o domingo (2), as atividades de campanha começam a ter restrições previstas pela legislação eleitoral. A exibição do horário eleitoral no rádio e na TV e a realização de comícios, por exemplo, só eram permitidos ate quinta-feira (29).

As regras também determinam que os debates poderão se estender apenas até as 7h desta sexta-feira (30). O último embate entre os presidenciáveis, aconteceu na noite de quinta (29) na TV Globo.

Para conquistar os votos dos indecisos na reta final, os postulantes a cargos públicos nas eleições de 2022 têm como últimos recursos organizar carreatas e caminhadas ou distribuir material gráfico até sábado (1º).

Eles também podem produzir e impulsionar conteúdos na internet, estratégia considerada por especialistas cada vez mais relevante nas campanhas, até a véspera da votação ― a iniciativa passa a ser proibida no domingo. Quem infringir a determinação pode ser punido com detenção de seis meses a um ano, prestação de serviços à comunidade e multa de até R$ 15.961,50.

Veja as restrições na campanha

Quinta-feira (29)

Fim da propaganda eleitoral no rádio e na TV

Último dia de comícios

Sexta-feira (30)

Último dia da propaganda paga em jornais impressos

Limite para a reprodução de jornal impresso na internet

Debates no rádio e na televisão até as 7h da manhã

Sábado (1º)

Data-limite para a realização de carreatas, caminhadas e passeatas

Último dia para a distribuição de material gráfico

Fim da produção e impulsionamento de conteúdo na internet

As apostas na internet

A campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por exemplo, planejou intensificar o investimento na esfera digital durante toda a última semana de corrida eleitoral, segundo informações da âncora da CNN Daniela Lima. O objetivo seria conquistar o voto dos jovens.

A internet também recebe atenção especial do presidente Jair Bolsonaro (PL), que é conhecido por sua forte presença nas redes, fator considerado fundamental para sua eleição em 2018. Ele é quem acumula, entre os quatro candidatos à Presidência mais bem colocados nas pesquisas, o maior número de seguidores e o mais significativo engajamento em perfis. Nesta semana, transformou suas lives semanais em diárias.

O professor de comunicação política Arthur Ituassu, da PUC-Rio, cita dois motivos para o grande engajamento de Bolsonaro nas redes: o investimento constante e precoce (antes mesmo de 2014) e a falta de filtro.

Ituassu avalia que Bolsonaro consegue ser direto e natural, cativando seu eleitor com uma linguagem simples. “É nas redes que ele consegue espaço para dizer o que determinadas pessoas querem ouvir, mas que antes os filtros institucionais não deixavam chegar até elas”, explica.

O pesquisador avalia que partidos mais tradicionais, inclusive o PT, enfrentam mais dificuldade para se adaptar ao ambiente digital e à exigência da simplicidade.

“O PT ainda tem uma linguagem institucional. Quem vai com uma linguagem de ruptura e questionamento, como Bolsonaro e a direita de forma geral, acaba tendo vantagem”, analisa.

Segundo ele, a principal estratégia de Lula é se diferenciar de Bolsonaro. Suas publicações nas redes visam comparar os mandatos. “Isso é uma forma de lidar com o antipetismo, querendo passar a ideia de que não é preciso gostar de Lula para votar em Lula, só precisa não gostar de Bolsonaro”, destaca.

Para ele, a presença de Ciro Gomes nas redes não é constante, ganhando destaque somente em época de campanha, o que prejudica a construção da imagem do candidato.

“Apesar de já estar nas redes há bastante tempo, ele nunca teve uma estratégia muito bem definida. Ele vem de um partido tradicional e é um cara sério, que apresenta dados e números o tempo todo”, afirma o pesquisador.

Ituassu analisa da mesma maneira o comportamento de Simone Tebet, observando que ela também pertence a um partido tradicional e tem uma postura mais séria, além de não ter uma tradição nas redes.

“Ela investiu bastante em segmentação de campanha no Facebook, mas somente este ano, a partir da pré-campanha. Já era uma estratégia para que as pessoas passassem a conhecer ela, mas um esforço muito imediatista do qual não se pode esperar grandes resultados”, diz.

A seriedade da campanha eleitoral

Para Raquel Recuero, professora da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e coordenadora do Laboratório de pesquisa Mídia, Discurso e Análise de Redes Sociais (Midiars), as redes sociais casam com campanhas eleitorais à medida que a política brasileira foca em políticos e não em partidos e ideologias.

“Isso se relaciona com o populismo, que coloca o candidato como salvador da pátria. É muito propício para a internet, onde as pessoas são influenciadoras. Aí a gente vai ter os fãs que se comprometem com o candidato e geram engajamento”, analisa Recuero.

Além da proximidade entre candidato e eleitor, Ituassu destaca como trunfo da internet o efeito de humor e emoção. Segundo ele, as redes chegam para quebrar a lógica da “política é coisa séria e complicada”, o que tem apelo entre os eleitores.

“Você tinha uma seriedade muito grande da política por ser um ambiente muito controlado, principalmente por intermédio do jornalismo. Quando você abre, vai para emoção e humor, isso dá certo se bem-feito. As oportunidades foram abertas e os candidatos estão aproveitando”, diz.

As plataformas em alta

Ituassu destaca o crescimento do YouTube, com a superação do Facebook. “Pode ser visto como uma aproximação maior com a imagem e também como espaço de teste para as campanhas da TV”, avalia.

A head de mídias do Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS), Karina Santos, concorda com o destaque que os vídeos estão tendo nas campanhas de 2022.

“O uso de aplicativos de mensagens segue sendo importante, mas funciona principalmente como um hub de distribuição de vídeos curtos com linguagem popular e aproximação com o cidadão comum, muitas vezes feitos por apoiadores e militâncias ou trechos recortados de entrevistas e falas de debate com grande impacto”, diz.

Segundo ela, o destaque vai para o Tik Tok e o Kwai. “Por muito tempo se achou que eram lugares somente para a geração Z, mas o que vemos hoje é que públicos de diversas idades estão consumindo conteúdos nessas plataformas, com destaque para as classes populares”, acrescenta.

CNN Brasil


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djaildo

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